MANDACARU
Escolhemos o mandacaru para nomear uma das suítes da Casa do Sertão, Vila Aju – Pousada Temátca. A Casa do Sertão foi construída em 2019 pelos sergipanos João e José, com o uso da taipa e do barro, de forma totalmente artesanal, como era tradição no passado. No interior de Sergipe, muitas casas foram construídas desta forma e resistem ao tempo até os dias de hoje.
O Mandacaru é um cacto nativo do Brasil, disseminado no Semiárido do Nordeste, que é muito encontrado na caatinga do estado de Sergipe. Mandacaru vem do tupi mãdaka’ru ou iamanaka’ru, que significa espinhos agrupados danosos. Ele nasce e cresce no campo sem qualquer trato cultural. A semente espalhada pelas aves ou pelo vento, não escolhe lugar para nascer. Até sobre telhados de casas rurais pode-se ver pé de mandacaru. O crescimento fica na dependência dos nutrientes do solo em que germina. A espécie típica do bioma caatinga pode atingir de cinco até seis metros de altura. Adaptada a viver em ambiente de clima seco, com quantidades de água reduzidas, suas folhas se transformaram em espinhos, que acabam sendo elementos de defesa frente aos animais herbívoros.
Do mandacaru brotam flores brancas, muito bonitas e que medem aproximadamente doze cm de comprimento. A flor do mandacaru, desabrocha à noite e murcha ao nascer do sol.
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Hospedar-se na Casa do Sertão, é reviver o passado e ao mesmo tempo entrar em contato com a cultura sergipana através dos artistas da terra que decoram a suíte. Ao começar pela Xilogravura na porta de entrada, que dá nome à suíte Mandacaru, realizada pela artista Claudia Nên. Depois, o Mandacaru representado no quadro pintado pelo artista Bruno Poconé. Em seguida, para representar a taipa, observe os trabalhos em cipó (mandala, cabeceira de cama, aparador, luminárias e cestos) realizado pelo artesão Geraldo. Para representar a terra temos o purrão (peça cerâmica) que forma a pia do banheiro, realizado pelo artesão Capilé.
Saiba mais sobre os artistas que representam a nossa Sergipanidade e que decoram as suítes da Casa do Sertão:
Claudia Nên – é artista plástica natural de Itabaiana (Sergipe). Iniciou seu trabalho artístico com o desenho, logo depois transitou entre a técnica da xilogravura e da escultura. Como resultado desse diálogo surgiu a escultura em argila que traz fortes elementos da xilogravura, seja na representação do imaginário popular ou de temas da contemporaneidade. Em muitos de seus trabalhos é possível perceber um movimento dialético que nos conecta a duas temporalidades, muitas vezes percebidas como distantes e distintas, o imaginário cultural e popular brasileiro e os conflitos próprios da sociedade contemporânea. O primeiro é percebido sobretudo nas técnicas empregadas, o segundo na forma-conteúdo. Desse movimento, que confronta a tradição com o tempo presente e um futuro inexistente, emerge um ser humano solitário que longe da alegria – geralmente associados às festas, aos ritos e as tradições populares nordestina – demonstra uma angústia própria da solidão, do individualismo, da impossibilidade contemporânea da experiência e do existir enquanto comunidade. Em sua produção, o tradicional conjunto nordestino perde o tom celebratório e sua unidade. Os tocadores, com os olhos e bocas arqueados negativamente, se conectam nos seus individualismos e introspecção. Seus rígidos marinheiros, com olhares atemporais, tentam equilibrar suas solidões, pequenez e minúsculos barcos em um presente absoluto. A mítica hidra grega assume a forma antropomórfica e parece materializar a dilaceração e fragmentação identitária do homem contemporâneo. Seus pares, alienados do presente que os conecta e para o qual o novo e o velho parece não atuar como referência ou elo de ligação, olham em direções opostas. Outro tema presente em sua produção, a ideia do duplo, assume a forma de uma impossibilidade. O sujeito (e seu duplo) não consegue efetivar o processo de duplicação e individualização do eu. Do mesmo modo, suas tentativas de materializar ações colaborativas resultam em arranjos formais desconfortáveis como a evidenciar a impossibilidade do existir coletivamente. É possível pensar a produção de Claudia Nên, desde uma perspectiva do indivíduo, com uma explicitação da problemática condição do homem pós contemporâneo e o seu destino. Seus fracassos, frustrações e impossibilidades. Suas indagações, por não apresentarem saídas, nos insere no mesmo impasse e dilaceração em que se encontra: a solidão de um presente absoluto. Texto escrito por Fabricia Jordão, São Paulo, junho, 2016
Conheça o trabalho de Claudia Nên em www.claudianen.com
Bruno Poconé – Ao observar os quadros feitos por Bruno Poconé, sergipano de Aracaju, tatuador e artista por natureza, tem-se a sensação de estar girando num caleidoscópio. Bruno não segue regras, não se prende a técnicas. O mais perto que se aproxima é do pontilhismo. Não se auto-intitula como seguidor de determinado estilo. Seu estilo é não ter estilo. É deixar fluir, deixando com que as figuras apareçam intercaladas com outras. Exatamente como ele acredita ser o destino de todos nós. Em alguns momentos intercala-se como o futuro do outro, crê Bruno. Atribui o seu dom como sendo consequência de uma forma de terapia praticada por ele. É uma viagem ao cerne do artista, trazendo à tona uma diversidade de elementos em uma mesma tela animais que se entrelaçam e se transformam em outros, formas geométricas que se fundem no espaço, imagens subliminares retratadas em segundo plano e muitas outras que a imaginação do contemplador se permite identificar. Instalações com espelhos também são intensamente utilizadas para ampliar e contemplar figuras e formas. O artista gosta de usar bases de telas diferentes, como o Eucatex, criando texturas diferentes. Da mesma forma, tem bastante facilidade para identificar materiais inusitados, como palito de dente e pincel sem pelo, para dar efeito que deseja, além da ponta dos dedos para compor segundo plano e para acentuar perspectivas de sombras. Texto escrito por Lane Oliveira.
Instagram do Artista: @artistaplasticobrux; @brux_pocone
Capilé – Aos quatorze anos de idade, Wilson de Carvalho, conhecido como Capilé, começou a trabalhar como ajudante de artesão, em Santana do São Francisco. No início, fazia moringas, mas o desejo era fazer algo maior. Hoje, aos cinquenta e dois anos, Capilé tem uma olaria onde produz peças de até um metro e oitenta de altura. Sua arte não tem limite. É possível observar as obras de Capilé, aqui na Vila Aju. As Nega-malucas ou namoradeiras estão presentes nos cenários da pousada, bem como os tachos de barro que estão presentes nas suítes da Casa do Sertão.
Geraldo – é artesão, natural de Itaporanga D’Ajuda, Sergipe. Desde criança aprendeu a traçar usando o cipó. Faz lustres, cestos, mandalas, paineis e até móveis Seu trabalho pode ser encontrado nas lojas do Mercado de Artesanato de Aracaju.
Referências:
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